Carta à Nápoles

 

Querida Napoli.

Eu sei que para você eu sou ninguém. Mas saiba que para mim, você é muito. E nem sei explicar a razão dessa minha paixão. É verdade que me tornei repetitiva quando falo sobre você. Em outro post comentei sobre o poema de um poeta afirmando que paixão não se explica, e que quando se consegue explicar é porque já deixou de ser. 
O próprio Fernando Pessoa disse que só os apaixonados escrevem cartas de amor ridículas, e pobre daquele ser humano que passar pela vida sem jamais se sentir inspirado o suficiente para escrever uma carta de amor ridícula.
Bem! Talvez seja esta a minha. 

Muito foi escrito sobre você ao longo dos séculos e por tanta gente ilustre. E tantas coisas lindas. Tantas palavras que traduzem perfeitamente seus encantos e belezas. 
Eu entendo perfeitamente, por exemplo,  o que Goethe quis dizer com ” veja Napoli e depois morre”, mas por mais que eu o entenda – e entendo mesmo o contexto – eu serei suficientemente petulante de dizer que não consigo concordar, porque quanto mais lhe vejo, mais quero viver para ve-la novamente. Há tantas coisas em você que não conheço. O ano de 2.019 marcou minha minha 13° visita, mas ainda há tanto para descobrir, provar, experimentar, e eu lamento tanto, mas tanto não ter 2 ou 3 vidas para vive-la intensamente, plenamente, porque talvez seja necessário mais de uma vida para ser dedicada apenas à você. 

Eu sinto que há tanto de você em mim. Você pode pensar que sou pretenciosa – e talvez seja – mas é que eu amo tanto a sua alma poética refletida claramente em suas canções neste dialeto magnífico que parecem nascidos um para o outro, como Aci e Galatea lá da Sicilia.

Gosto tanto de você!

Mas eu penso que você é muito metida. Não bastava ser linda, ainda tem que ser rodeada de tantas belezas? Você surgiu a partir de uma sereia. Como poderia ser diferente. 

Eu gosto de você. Mas veja bem. Quero deixar claro que  não é apenas por causa dos seus maravilhosos doces, não é por causa do babà, o meu preferido,  não é por causa da sua longa e incrível história, não é por causa da valente população e partigianos napoletanos que sozinhos colocaram para correr os alemães nazistas, não é por causa do bravo Gennarino Capuozzo que com apenas 11 anos se tornou um heroi na segunda guerra morrendo para ajudar a salvar seu povo, não é por causa da poética Marecchiaro, Posillipo, Bairro Espanhol, Sansevero, SpaccaNapoli, sua arte, Napoli Subterranea, seus palácios, castelos, museus inclusive a ceu aberto, não é pelo  Vesúvio, seus arredores, seu folclore, seu mar azul turquesa, seus caos, seu trânsito que ninguém respeita, sua pizza e gastronomia inacreditavelmente meravilhosas e não é por Caruso, Caravaggio, Cotugno Domenico, Lucio Dalla, Pino Daniele, Marcello Mastroianni, Bud Spencer, Totò, Massimo Troisi, Gigi D’alessio ou a deusa Sofhia Loren. Não. Não é por nada disso separadamente.
É por tudo junto. É tudo isso junto que faz de você, esplendorosa. 
Porque você, Napoli, é tudo isso e muito, muito mais.
E é este muito mais que quero conhecer, descobrir, viver.

Se tenho direito a dois pedidos à Deus ou aos Deuses e até mesmo à Patérnope,  eu peço então saúde e tempo. Tempo! Me dê uma trégua.
Se é verdade que a paixão nos move, eu sou o moinho e você Napoli… você é a água.

Te voglio bbene assaje. Sì trasuta int’ò core mio.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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