Como falar de amor sem cair na banalidade? Dificil, nao é? E não há como fugir, porque amor não se explica.
Diz o poeta que quando conseguimos explica-lo, é porque já não é mais amor.
É assim que me sinto em relação ao sul da Itália.
É um amor e um bem querer tão grande que não sei de onde vem, então relaxo e me permito apenas sentir toda a emoção.Que a Itália é toda linda não existe a menor dúvida. Há beleza, cultura e encantos em absolutamente todas as regiões.
Mas o sul…ah! O sul.
Lá tem algo diferente. Um encanto e uma magia que é difícil traduzir em palavras. Eu acho que tem mais cor, sabor, alegria e mais vida. Agora mesmo enquanto escrevo, as lembranças me enchem de felicidade. Eu diria que o sul é uma verdadeira festa, pelo menos dentro de mim.
O norte é lindo, opulento, luxuoso e formal.
É de lá que vem o idioma oficial italiano. O país, como se sabe, era dividido e as regiões tinham seus próprios dialetos, que se conservam nos dias atuais. Este é um dos motivos, segundo dizem, e talvez o mais forte, para a famosa comunicação usando as mãos. Como todos falavam idiomas diferentes, a mímica ajudava no entendimento das conversas. Especialmente no sul, e talvez mais ainda na Sicília, que foi invadida por muitos povos de línguas diferentes. Em Nápoles talvez mais exagerada, mas os napoletanos são maravilhosamente exagerados. Toda a região fazia parte do Reino das Duas Sicílias. Após a unificação do páis, o dialeto toscano se tornou oficialmente o idioma italiano, este que o mundo conhece. Sua escolha se deu por causa do prestígio de Dante Alighieri, o maior escritor italiano. Ou seja, a Itália fala a língua de Dante.
Já o sul é mais rústico, despojado, informal e repleto de inacreditáveis belezas naturais e realmente não tão rico quanto o norte.
É preciso entender que há uma rivalidade grande entre a duas regiões e um certo preconceito contra os sulistas. Injusto, eu diria.Para entender melhor a tal rivalidade, ela é parecida com aquela entre Rio e São Paulo.
Dizem que paulistas trabalham para cariocas curtirem a vida.
Mas acho que no fundo, os nortistas apreciam e muito a temperatura mais quente, o estilo de vida do sulista e seu jeito tão informal e simpático de ser.
Vale lembrar que os italianos que vieram para o Brasil no período das duas guerras mundiais, os nortistas, em sua maioria, se estabeleceram no sul do Brasil e boa parte dos sulistas formada principalmente por napoletanos e calabreses, ficou no sudeste, especialmente em São Paulo.
Vai ver é por isto que São Paulo se destaca tanto na arte de preparar pizza, porque ninguém é melhor que os napoletanos nesta arte.
Dentre as regiões, conheço Calábria, Campânia e Sicília. Foi amor à primeira vista.
Me vi tomada por uma paixão fulminante.
Falando em Sicília…que espetáculo de ilha. Para conhecê-la talvez seja necessário uma vida.
A Calábria é mais simples, mas talvez seja exatamente esta simplicidade que a torna tão maravilhosa.
Já a Campânia, além de estupenda, é repleta de história. Nápoles, por exemplo, é um museu a céu aberto. Se um turista resolver ficar 10 dias na província, não irá repetir nenhum passeio. Há muito para conhecer. É lá onde estão 3 das mais encantadoras ilhas da Itália: Prócida, Ischia e Capri. As românticas Costa Amalfitana e Sorrentina, além de Pompeia, Ercolano, Reggia di Caserta, Salerno…ufa!
Há muitos motivos para gostar da Itália, e muito mais para amar apaixonadamente o alegre sul italiano.
Para entender melhor, indico a comédia “ Benvenuti al sud”. O filme explica com muito bom humor, a diferença entre as regiões, o preconceito e o estilo de vida dos sulistas.
Ao chegar ao final deste simples texto, me dou conta que o poeta tem razão: não é possível explicar o amor ou a paixão.
Sendo assim, continuarei banal, mas vou tentar mais uma vez.
O norte, posso dizer que é amor. Mas o sul…ah o sul!
O sul é paixão daquela desenfreada, avassaladora, arretada e louca.
Mas não pense que por ser paixão é algo superficial ou fogo de palha. Não é mesmo.
Desta paixão – uma vez que tenha conhecido a região- provavelmente nascerá um amor tão grande em você que da próxima vez que pensar na Itália, estará se sentindo igual a mim, ao escrever este texto: sem saber exatamente como colocar em palavras o frio no estômago. Então, provavelmente, vai se pegar sorrindo, sonhando e se vendo lá e com uma vontade enorme de pegar o primeiro avião com destino…
Deixo o final para a sua imaginação.
Sonhe. Tudo o que você quer, você pode. Afinal, dizem que é a paixão que nos move, não é?
Acredite.
Sandra Santos
Parabéns pelo seu texto e modo de descrever à Itália.
Muito obrigada pela gentileza
Você tem que citar Lecce e Leverano, dimples e lindos.
Quem sabe em uma outra ocasião. A Italia é toda linda, né? Muitíssimo obrigada.
Sandra